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Doenças de saúde mental resultam em perdas de 4,7% do PIB do país

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    Imagem ilustrativa: As doenças de saúde mental já afetam 4,7% do PIB brasileiro (Foto: Imagem de drobotdean no Freepik).

    As doenças relacionadas à saúde mental têm causado impactos econômicos significativos nas empresas brasileiras. Estudos indicam que os transtornos mentais resultam em perdas anuais de aproximadamente R$ 397,2 bilhões, correspondendo a 4,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

    Além disso, a saúde mental dos colaboradores está diretamente relacionada à lucratividade das empresas. Globalmente, as doenças mentais geram um impacto econômico de cerca de US$ 1 trilhão em perda de produtividade.

    Essas perdas econômicas estão associadas a diversos fatores que afetam diretamente as empresas:

    Redução de empregos: devido aos efeitos dos transtornos mentais na produtividade, estima-se uma diminuição de cerca de 800,7 mil empregos gerados anualmente no Brasil.

    Queda na massa salarial: a perda em massa salarial é estimada em R$ 164,7 bilhões por ano, valor que supera, por exemplo, o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600 mensais para 21,6 milhões de famílias.

    Redução na arrecadação fiscal: as perdas em impostos líquidos devido à diminuição da produtividade e do emprego são estimadas em R$ 25,7 bilhões anuais.

     

    Fenômenos que contribuem para esses prejuízos

    Diante desse cenário, é crucial que as empresas brasileiras adotem medidas para promover a saúde mental no ambiente de trabalho, visando não apenas o bem-estar dos colaboradores, mas também a sustentabilidade econômica e a produtividade organizacional.

    Dois fenómenos específicos contribuem para esses prejuízos: 

    Absenteísmo: refere-se às ausências ou afastamentos não programados dos funcionários de seus locais de trabalho. Essas ausências podem ser causadas por problemas de saúde, incluindo transtornos mentais, e afetam negativamente a produtividade e o clima organizacional.

    Presenteísmo: ocorre quando o funcionário está fisicamente presente no trabalho, mas, devido a problemas de saúde ou outros fatores, não consegue ser produtivo. Esse fenômeno pode ser resultado de condições como estresse, ansiedade e depressão, levando a uma redução significativa na eficiência e na qualidade do trabalho.

     

    Doenças de saúde mental que mais geraram concessão de benefícios por incapacidade temporária no Brasil

    Em 2024, o Brasil registrou mais de 400 mil afastamentos do trabalho devido a transtornos mentais e comportamentais.

    Esses números refletem um aumento significativo em relação a 2023, quando foram registrados 80.276 benefícios para transtornos ansiosos e 67.399 para episódios depressivos.

    É importante notar que os dados representam afastamentos e não indivíduos, já que uma pessoa pode ter mais de uma licença médica no mesmo ano.

    As principais doenças responsáveis pela concessão de benefícios por incapacidade temporária foram:

    Transtornos ansiosos: 141.414 benefícios concedidos.

    Episódios depressivos: 113.604 benefícios concedidos.

    Transtorno depressivo recorrente: 52.627 benefícios concedidos.

    Reações ao estresse grave e transtornos de adaptação: 20.873 benefícios concedidos.

     

    Brasil tem maior nº de afastamentos do trabalho por ansiedade e depressão em 10 anos

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    Imagem ilustrativa: Recorde no números de afastamento por conta de doenças mentais (Foto: Imagem de Freepik).

    O Brasil sofre uma crise de saúde mental, tem maior número de afastamentos por ansiedade e depressão em 10 anos. Em 2024, o Brasil registrou 472.328 afastamentos do trabalho por transtornos mentais, como ansiedade e depressão, representando um aumento de 68% em relação a 2023 e o maior número em uma década. Trata-se do maior número desde 2014.

    Especialistas atribuem esse aumento a fatores como as consequências da pandemia, o aumento do custo de vida e mudanças no mercado de trabalho. O luto pela perda de mais de 700 mil vidas, o estresse do isolamento social e a insegurança financeira, agravada pela alta de 55% nos preços dos alimentos desde 2020, contribuíram para esse cenário.

    Os estados mais populosos, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, concentraram a maior parte dos afastamentos. Proporcionalmente, o Distrito Federal, Santa Catarina e Rio Grande do Sul apresentaram os índices mais elevados, sendo que, no Rio Grande do Sul, as enchentes de 2024 agravaram a situação.

    Além disso, os dados indicam que um mesmo trabalhador pode ter mais de uma licença no ano, o que contribui para o total de afastamentos. Curiosamente, o burnout não está entre as principais causas de afastamento, com apenas 4 mil casos registrados, o que pode estar relacionado à dificuldade de diagnóstico.

     

    Como tentar amenizar os problemas de saúde mental nas empresas brasileiras?

    Esse cenário reforça a necessidade de maior atenção à saúde mental dos trabalhadores e à implementação de políticas mais eficazes no ambiente profissional.

    Se você identificar vários desses sinais no seu ambiente de trabalho, pode ser um alerta para buscar mudanças ou até mesmo procurar um novo emprego. Ambientes saudáveis incentivam o crescimento, respeito e bem-estar dos funcionários.

    Em resposta, o governo federal atualizou a Norma Regulamentadora 1 (NR-1), que estabelece diretrizes sobre saúde no ambiente de trabalho, permitindo a fiscalização das empresas e a aplicação de multas em caso de descumprimento.

    Um ambiente de trabalho tóxico pode impactar negativamente a saúde mental e o desempenho profissional. Aqui estão alguns sinais que indicam que o local pode ser prejudicial:

     

    1. Cultura de medo e pressão excessiva

    – Funcionários sentem medo constante de serem demitidos.

    – Excesso de cobranças sem reconhecimento pelos esforços.

    – Micro gerenciamento e falta de autonomia para realizar tarefas.

     

    2. Comunicação deficiente ou hostil

    – Falta de transparência da liderança.

    – Fofoquinhas, rivalidade entre colegas e falta de colaboração.

    – Gritos, humilhações ou agressividade frequente.

     

    3. Alta rotatividade de funcionários

    – Muitas demissões e pedidos de desligamento em pouco tempo.

    – Funcionários insatisfeitos e desmotivados.

    – Novos contratados que não permanecem muito tempo.

     

    4. Falta de respeito e valorização

    – Trabalho extra sem reconhecimento ou compensação.

    – Discriminação, assédio moral ou sexual.

    – Ideias e sugestões dos funcionários constantemente ignoradas.

     

    5. Sobrecarga e falta de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal

    – Jornada excessiva sem flexibilidade.

    – Demandas impossíveis de serem cumpridas no prazo.

    – Funcionários que adoecem com frequência devido ao estresse.

     

    6. Falta de oportunidades de crescimento

    – Nenhum plano de carreira ou desenvolvimento profissional.

    – Promoções e aumentos salariais inexistentes ou desiguais.

    – Falta de treinamento e investimento nos colaboradores.

     

    O que levou o Brasil a uma crise de saúde mental?

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    Imagem ilustrativa: Brasil foi afetado por uma cadeia de vários eventos ocorridos nos últimos anos no Brasil. (Foto: Imagem Freepik).

    A crise de saúde mental no Brasil tem diversas causas interligadas, muitas das quais se agravaram nos últimos anos. Diante desse cenário, especialistas reforçam a necessidade de investimentos em políticas públicas, ampliação do acesso a tratamentos e mudanças culturais para lidar melhor com a saúde mental da população.

    Aqui estão alguns dos principais fatores:

     

    1. Impacto da pandemia de COVID-19

    – Isolamento social e medo da doença afetaram a saúde emocional.

    – Luto coletivo por mais de 700 mil vidas perdidas.

    – Insegurança financeira devido ao desemprego e fechamento de empresas.

     

    2. Pressão econômica e desigualdade social

    – Inflação elevada e aumento do custo de vida (aluguel, alimentação, energia).

    – Endividamento das famílias e falta de perspectivas econômicas.

    – Desemprego e precarização do trabalho, levando à insegurança profissional.

     

    3. Sobrecarga e Burnout no trabalho

    – Jornadas exaustivas, especialmente no setor da saúde e educação.

    – Cultura da produtividade excessiva e cobrança por resultados.

    – Falta de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

     

    4. Uso excessivo de redes sociais

    – Comparação constante e pressão para aparentar sucesso.

    – Fake news e excesso de informações negativas gerando ansiedade.

    – Cyberbullying e exposição a conteúdos prejudiciais.

     

    5. Problemas no sistema de saúde mental

    – Falta de psicólogos e psiquiatras no SUS.

    – Atendimento insuficiente para a demanda crescente.

    – Alto custo de tratamentos na rede particular.

     

    6. Violência e insegurança

    – Aumento da criminalidade e sensação de insegurança.

    – Violência doméstica, principalmente contra mulheres e crianças.

    – Traumas causados por tragédias, como enchentes e desastres ambientais.

     

    7. Falta de políticas públicas e conscientização

    – Saúde mental ainda é um tabu em muitos ambientes.

    – Empresas não investem o suficiente no bem-estar dos funcionários.

    – Falta de campanhas de conscientização sobre transtornos mentais.

     

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