Fila longa por visto compromete US$ 1,6 bilhão em gastos no exterior
Os prazos para agendar entrevistas no processo de visto para turistas ultrapassam mais de um ano. Consequentemente, a quantia estimada de gastos que brasileiros deixarão de gastar no exterior, em 2023, chega a R$ 8,5 bilhões. As informações fazem parte de uma recente pesquisa da U.S. Travel Association.
O Consulado dos EUA em São Paulo tem prazo de agendamento da entrevista de 482 dias, e demanda desembolsar cerca de R$ 850 (US$ 160). A fila adquiriu quilometragem após a emissão do documento ser interrompida por 20 meses, em razão do começo da pandemia, sem sequer ter sido compensada depois. A capital paulista lidera como maior prazo, no entanto, outras cidades também apresentam cenário semelhante. Porto Alegre, por exemplo, tem média de 320 dias. Brasília e Rio de Janeiro figuram com prazos de 431 dias e 423, respectivamente.
Conforme o levantamento feito, 69% dos potenciais turistas ao vizinho do norte não possuem visto; além disso, 61% afirmam mudar de destino caso o cenário de prazo atual permaneça.
Outros países
Apesar do prazo longo, o Brasil é o país para o qual foram emitidos mais vistos, segundo dados do governo americano. Setembro (dados mais recentes) registrou 58.056 vistos de turista, o resultado foi maior do que países com grandes populações, como a Índia, que emitiu 44.036 vistos.
A cidade do México, por exemplo, tem prazo de espera de 675 dias. O volume de dinheiro que deixará de ser gasto chega a US$ 2,4 bilhões. Entre todos os 6,6 milhões de turistas potenciais, de todas as nacionalidades, o valor estimado alcança US$ 11,6 bilhões nos EUA no ano que vem. Ainda de acordo com o governo americano, em 2019 – antes das medidas de contenção por causa da pandemia -, turistas deixaram cerca de US$ 233,5 bilhões no país.
Estratégia do Departamento de Comércio
Segundo análise feita por um porta-voz do Departamento de Estado, órgão subordinado ao escritório de Assuntos Consulares, ampliar a otimização do serviço de emissão de vistos favorece excepcionalmente a economia americana. Portanto, a estratégia que será adotada pelo Departamento conta com a contratação de novos diplomatas para tarefas de burocracia, com intuito de reduzir o prazo e dinamizar o processo. A projeção de novos visitantes ao país, até 2027, está estimada em 90 milhões de pessoas. O gasto estimado chega a US$ 279 bilhões anualmente.
Foto: Marco Ambrosio/FramePhoto *** PARCEIRO FOLHAPRESS